“só trago aqui no peito este canto que me invade”

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Capa Pedro Noite

Em 22/04/2011 16:38, Renato da Silva Coelho escreveu:

Caio,

Ainda sob o efeito de suas palavras, pois acabei de ler Um na Estrada.

Eu sabia que seriam momentos únicos, mas ainda estou embriagado pela história. Não há como se esquivar da explosão de emoções que o livro nos possibilita.

Tantos leitores vão se sentir na pele do Davi... me senti tão abraçado com o abraço da vó Berenice, abraço tão especial como o do Juan, abraço de gostar. Me senti sozinho, como a mãe do Davi, com a notícia da morte da tia-mãe. Meus olhos também ficaram cheios d’água quando as lágrimas explodiram feito dois rios de dor espalhados pelo rosto do Glauco. Me vi na pele do Davi quando a vó pergunta se ele tem algum livro especial na vida, e eu em pensamento disse: Um na Estrada, do caríssimo Caio Riter.

Me senti em Buenos Aires: na praça, nas ruas, nas livrarias, diante do túmulo de Eva Perón, que delícia de livro...

Tantas coisas me vieram à mente: o filme Batismo de Sangue, do Helvécio Ratton, a minissérie Anos Rebeldes, do Gilberto, minissérie que eu não perdia um capítulo em 1992 nos meus 14 anos, a música Alegria, alegria, do Caetano...

E como não se lembrar do Almodovar quando o Davi reencontra a vó na capital argentina! Abraços Partidos...com certeza eram esses os abraços que o menino Davi recebia dos seus pais nas datas "especiais".

Chico Buarque: estou ouvindo nesse momento Beatriz... Elis Regina ...ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...

Caio, Um na Estrada me causou uma explosão de emoções, de lembranças, de reflexões e de tudo isso, uma certeza eu tenho, que apesar de tudo, a vida vale a pena ser vivida. Vale a pena viver porque temos as suas histórias para serem lidas e sentidas.

Obrigado, Caio.

Beijos e abraços. E quando eu encontrá-lo, vou lhe pedir um abraço como o do Juan.

Renato Coelho

De: caioriter
Para: Renato da Silva Coelho
Enviadas: Sexta-feira, 22 de Abril de 2011 18:52
Assunto: Re: Um na Estrada - ainda estou embriagado pela história

Meu querido Renato,
não te conheço pessoalmente, mas quero, embora acredite que estas tuas palavras sobre o meu livro (palavras que literalmente arrepiaram meu corpo e minha alma) já nos tornam íntimos. Creio que um livro deva ser isso: possibilidade de encontro entre o que escreve e aquele que o lê. Fico feliz que esse livro escrito com emoção possa ter propiciado emoções. Afinal, quem de nós nunca se sentiu solito na estrada? Quem de nós não chorou as lágrimas do Glauco e os impedimentos de dizer o que ia pelo coração? Quem de nós não lastimou um abraço mais abraço, não partido, não limitado, não frio?
Fico feliz, feliz demais, que minhas palavras literárias, que meu mundo fingido, possa ter refletido como um tanto de verdade.
E quando a gente se encontrar, podexá que teu abraço tá guardado, te contarei como esta história nasceu. Encontro raro, para não ser esquecido, mas tão breve que mereceu um livro.
Meu carinho.

Caio Riter
site: www.caioriter.com
blog: caioriter.blogspot.com

É assim, no dia 22 de abril de 2011, que começo a conversar com Caio Riter, escritor, educador e, principalmente, um grande ser humano e amigo. Na época, trabalhava no editorial da Melhoramentos e precisei ler Um na Estrada para editar o projeto pedagógico do livro. 13 de agosto chega e vou à Felit, em São Bernardo do Campo, para conhecer Caio pessoalmente: um encontro que guardo até hoje. Por esse e por outros encontros, pelos livros e pela amizade que se instaurou: nasce este texto-homenagem.

Sempre lhe disse que a primeira obra riteriana a ser homenageada seria Um na Estrada (pela grande história e pelo meu envolvimento editorial), mas Pedro Noite e seu canto não deixaram... o texto sobre Davi fica para próxima!

Enfim, Pedro Noite chega ao ninho do Passarinho.

“só trago aqui no peito este canto que me invade”

O canto de Pedro invadiu a minha alma e, por isso, estas palavras para que a sua também possa ser invadida! A sua alma e o seu coração, espero.

Os livros que visitam o ninho são necessários para a minha jornada, deixam o meu fardo mais leve e o meu futuro com mais esperança.

Pedro é um garoto negro que foi criado pela velha Cida, sua quase avó. Sofre preconceito por ser negro, sofre por não estar com os pais, porém o conhecimento de sua história e a descoberta de suas origens o libertam.

Essa história-poema de Caio nasce com esse propósito: de as pessoas poderem se libertar se conhecendo.

Pedro Noite é um canto de libertação! Caio Riter, o autor, Mateus Rios, o ilustrador (seus traços são únicos, vale muito a pena conhecer o talento desse rapaz) e Eny Maia, a editora pela Biruta, trazem a nós uma história de possibilidades, de um amanhã melhor e ensolarado, uma noite de estrelas e lua cheia! O livro é lindo em todos os sentidos, é poesia, é Yorubá!

“Acredito que cada vez que saímos de um livro, saímos diferentes, mesmo que não o notemos.” Caio Riter.

http://www.youtube.com/watch?v=7cM-wSOz4xg

Pedro Noite – Editora Biruta
Selecionado para o Programa de Modernização de Bibliotecas – Fortaleza-CE - 2012
Catálogo de Bolonha – FNLIJ - Itália – 2011
Prêmio Os 30 Melhores Livros Infantis – Revista Crescer – 2012

Caio Riter nasceu em 24 de dezembro, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. É Bacharel em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS, e licenciado em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas, pela Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciências e Letras - FAPA/RS; é Mestre e Doutor em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É professor de Língua Portuguesa e de Redação. Ministra oficinas literárias de narrativa e de Literatura Infantil.  www.caioriter.com

Mateus Rios é carioca, mas mora e trabalha em São Paulo; fez faculdade de cinema. Hoje trabalha com ilustração de livros, projetos de animação e publicidade. Gosta de descobrir e testar novos modos de contar histórias, experimentando diversos materiais, meios e modos de narrar, deixando os olhos descobrirem caminhos e cores neste jogo com o texto. Dando forma ao que as palavras inspiram. www.editoragaivota.com.br/ilustrador/mateus-rios

Amigos, um ótimo final de semana e até sexta!

Dia 13 a Baleia, de Paulo Venturelli, Nelson Cruz e Marcelo Del’Anhol, espera vocês!

Agradecimentos:

A todos que me emocionaram com compartilhamentos no facebook e com comentários belíssimos sobre o texto “Renato Moriconi é BÁRBARO!”,principalmente estas bárbaras, que tiveram a gentileza de postar no PASSARINHO as suas impressões:

Heloisa Leandro, Regina Gulla, Juliana, Ana Claudia Marques, Karin Krogh, Adriana e Nana Martins.

Renato Coelho

Apaixonado pela Literatura Infantojuvenil

3 comentários:

  1. Estava esperando ansiosa qual seria o convidado da semana, e eis que chegam vários, me enchem de vontade de conhecê-los. Que maravilha a literatura, que desperta sentimentos e emoções, que nos transporta e nos faz tão próximos. E o paralelo que você, Renato, faz com Chico, Almodovar, Elis, Caetano e outros, mostram o alto grau de seu conhecimento e sensibilidade. Adorei. Quanto ao Pedro, qualquer preconceito é perverso. Sonho com o dia em que nenhuma criança sofra qualquer tipo de preconceito. Parabéns, amigo Renato, esta foi uma visita especial!

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  2. Arrepio...muito emocionada.

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  3. Caio Riter é um dos autores gaúchos que reúne em seu texto qualidade literária e experiências significativas do homem no mundo. Mais: consegue transitar com desenvoltura desde historias infantis até o conto adulto. Além dos livros citados pelo Renato, vale a pena conhecer os outros. Emoção e esperança não faltarão.
    Faz bem ter espaços como este que trazem para os leitores textos consistentes como indicação para leitura. Que este Passarinho continue seu voo pelo mundo para colher bons livros que enxergam longe como quem voa.

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